domingo, 15 de fevereiro de 2009

Veja

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14 de fevereiro de 2009



Eurípedes Alcântara

Diretor de Redação

Caro leitor,

antes de mais nada, minhas sinceras desculpas pela ausência da newsletter na semana passada. É muito bom voltar a falar com vocês!

Nesta semana VEJA volta a iluminar uma questão de fundo da vida pública brasileira, a corrupção endêmica, resistente, praga de mil faces e disfarces que suga a energia criativa e as riquezas geradas pelos brasileiros que trabalham cinco meses do ano apenas para pagar seus impostos. Esse dinheiro deveria chegar aos cofres públicos e ter um tratamento cuidadoso, se não reverencial, pelos governantes e políticos. Infelizmente para nós, não é isso que acontece. Muito pelo contrário. O dinheiro dos impostos que pagamos, a riqueza que deveria estar sendo investida para garantir um futuro melhor para nossos filhos e netos, é visto e tratado como uma fortuna sem dono da qual se apossa quem for mais cara-de-pau, mais ousado, mais garantido pelas impunidades do cargo que ocupa. Já perdi a conta de quantas vezes escrevi sobre esse assunto em VEJA e quantas vezes nossas denúncias, depois de algum alvoroço inicial, foram varridas para debaixo do tapete. Nesta semana, porém, há esperança de que as coisas caminhem para resultados menos frustrantes. A razão para a esperança é a entrevista concedida a VEJA pelo senador Jarbas Vasconcelos.

Vale a pena reproduzir aqui a Carta ao Leitor desta edição, que se refere à entrevista do senador. Ela tem o título Jarbas conta tudo.

"É enorme o peso que tem em um processo judicial o depoimento de uma testemunha ocular. Esse tipo de relato, quando dado de boa-fé e sem inconsistências, é decisivo na formação do veredicto. Na política, os testemunhos de personagens com intimidade com os fatos que revelam são igualmente poderosos.

O processo que culminou com o impeachment do presidente da República Fernando Collor, em 1992, começou com um desses depoimentos, a espantosa entrevista que seu irmão concedeu a VEJA em maio daquele ano e que foi estampada na capa com a chamada "Pedro Collor conta tudo". A Carta ao Leitor daquela edição tinha o título "Depoimento que não se pode ignorar". Não foi. Dezenove semanas depois das revelações do irmão a VEJA, Collor deixava a Presidência. As Páginas Amarelas desta semana trazem um conjunto de revelações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos ao repórter Otávio Cabral, 37 anos, quatro dos quais na sucursal de Brasília. Elas constituem um depoimento que também não se pode ignorar.

Com 43 anos de política dedicados primeiro ao antigo MDB e depois ao PMDB, duas vezes governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos relata com a eloquência das testemunhas oculares que seu partido, hoje detentor das presidências do Senado e da Câmara, é uma agremiação que se move apenas por "manipulação de licitações, contratações dirigidas e corrupção em geral". A entrevista de Jarbas Vasconcelos a VEJA não deixa muitas opções a seus colegas de partido e, por consequência, ao Congresso: processam o senador por falta de decoro parlamentar, imolam-se em praça pública ou vestem a carapuça e mudam seu comportamento. O Brasil precisa acompanhar muito de perto o desenrolar do depoimento do senador a VEJA. Ele tem tudo para ser o motor de um profundo e histórico processo de limpeza da vida pública brasileira."

Se me alonguei nesse assunto, perdão. Mas a entrevista de Jarbas Vasconcelos reavivou em mim toda a indignação com a corrupção, que nenhum governo ou vigilância da imprensa parece conseguir vencer. Será que conseguiremos algum dia pelo menos mantê-la em níveis menos escabrosos?

A editoria de Economia traz uma reportagem que tem como maior qualidade a identificação clara, pela primeira vez desde a eclosão da crise financeira internacional, de qual é a prioridade a ser atacada para que as coisas comecem a melhorar ou pelo menos parem de piorar. Essa prioridade é explicada com precisão e até bom humor, uma combinação rara, pelo editor Giuliano Guandalini na reportagem em que afirma: "Sugar do sistema financeiro as assombrações de 2,2 trilhões de dólares em créditos podres é prioridade de Obama e Geithner. Sem isso, os bancos americanos vão à falência e a crise se aprofunda".

A reportagem de capa de VEJA é uma incursão comportamental no universo das famílias brasileiras com filhos adolescentes. Suas conclusões são extraordinárias e surpreendentes. Claro, eles continuam respondões, sujeitos às violentas flutuações de humor e ainda não gostam de ser vistos com os pais nos ambientes próprios deles. Mas a novidade é que, mais poderosos, sabidos, educados e digitalmente avançados, os adolescentes brasileiros fazem parte hoje da solução das questões domésticas, e não mais dos problemas.

Quem gosta de animais vai achar muito útil a reportagem sobre como eles envelhecem em nossa casa, quanto a mais estão vivendo, que cuidados eles exigem para continuar dando a nós e a nossos filhos tanto carinho e alegria por muito mais tempo ainda.

Imagine um pintor que perde a capacidade de distinguir as cores ou um músico atacado pela surdez. São situações-limite que, potencialmente, podem significar o fim da carreira e a infelicidade. Claro que existem extraordinárias exceções. A mais célebre delas é justamente o maior de todos os compositores, o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827), que perdeu a audição e continuou compondo graças a seu "ouvido interno", a capacidade de alguns músicos de trabalhar mentalmente com as notas a despeito dos sons que são captados por seu sistema auditivo. Tudo isso para dizer a vocês que vale a pena ler o AUTORRETRATO desta edição de VEJA, em que o famoso chef americano Grant Achatz conta como sobreviveu a um câncer na língua que o privou temporariamente do paladar.

Se você está entre aqueles que sofreram com catetos e hipotenusas na escola, a resenha que Jerônimo Teixeira fez do livro O Instinto Matemático vai ser sua melhor vingança – e quem sabe você também não descobre que sabe mais matemática do que imagina.

Fiquemos por aqui.

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Um forte abraço e até a próxima semana,


Eurípedes Alcântara

Diretor de Redação

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